1.INTRODUÇÃO
Depois de tantos anos, não sei se serei capaz de organizar um relato sobre o que andei a fazer na Vela, em Moçambique. Comecei este desporto no Clube Naval. Seguiu-se algum tempo na Mocidade Portuguesa, depois alguns anos no Marítimo e, finalmente, no Victoria Lake Club, na África do Sul.
Escrevo estas linhas pelo respeito e admiração que merece o Valter Gameiro. Acontece, porém que ele queria que eu descrevesse a história do Marítimo e não mais. No meu entender o clube do meu coração tem um história interligada com outro clube em Lourenço Marques e com a Mocidade, na Catembe, o que demorou muito a entender. Não consigo alhear-me dessa Influência e o que se segue irá demonstrar o que resultou
das trocas de pessoas, de barcos, de sentimentos e de laços de amizade ou até do contrário.
É enorme o risco que passei a correr ao referir pessoas, acontecimentos, regatas, direções de clubes, etc., pela imprecisão de tudo. Podia desistir da tarefa que prometi ao Valter mas o ambiente do Mar que nos deu tantas alegrias não me iria faltar quando precisasse de coragem. Estamos no princípio do ano de 2017. Eu dediquei-me à Vela com uns 12 anos, por volta de 1944.Tenho agora 85 anos e deixei a Vela de competição
com 44 anos. Isto aconteceu em finais dos anos 60, essencialmente por razões da minha carreira profissional e, também, para poder dedicar mais atenção à família. O CMD teve mesmo de ficar entregue a pessoas de confiança, nomeadamente ao Luis Pinho.
A maior parte do que aconteceu quer no Clube Naval quer na MP, nos anos 50, quase uma década, não cheguei a conhecer. Foram muitos anos parado, excepto no ano em que estive em Leixões, na Mocidade e, aí, fiz o Nacional de Snipes. Foi muito profissional o que ensinaram no CNLM. Os formadores exigiam uma grande dedicação
e obrigavam-nos a inúmeras tarefas para os barcos estarem em condições. No meu grupo desses primeiros anos estava, também, o Serafim Silva, o Jaime Silva, o Jaime Ferreira, a Alda Casimiro e tantos outros. Mas não nos deixavam andar sem os Chefões, por nossa conta, no mar. Quem dava ordens era o Carlos Braga. Ensinava muito e exigia mais.
Sabia imenso. Assim não admira que quem não passava no crivo e servisse de proa, como respeito que mereciam os nossos mestres, nem sequer podia candidatar-se aos monotipos olímpicos. Fomos proas do Faria de Almeida, do Armando Casimiro, do Carlos Braga e do Senhor Soeiro.
2.ESCOLA DE VELA DO CLUBE NAVAL
No CN, enquanto não acabamos o curso de marinheiros, nem sequer nos deixavam pegar na cana de leme. Só que todos começamos a crescer e sofríamos com a situação aponto de inspirar alguma pena. Tal foi o que levou o clube a deixar-nos timonar os monotipos olímpicos- Ficou sempre a ideia de que tinha sido obra dos CarlosBraga, uma cedência que teve o apoio do Casimiro, talvez porque a esposa fazia parte dos grupo de formandos.
Mais uma vez o Carlos Braga, sempre atento à evolução dos que ia preparando, entendeu que seria melhor organizar uma regata entre os formandos mais novos e os timoneiros calejados com a carta de Patrão. Era um verdadeiro teste.
Assim os Snipes existentes começaram por ser distribuídos de modo igual isto é, no caso concreto, foram atribuídos 3 Snipes aos Patrões e 3 aos marinheiros. O resultado final foi o que os novos timoneiros desejaram. O Nascimento ficou em primeiro, o Sarafim ficou em segundo mas o resultado final trouxe a paz que uns e outros desejavam. O Nascimento foi depois para o Porto, para continuar os estudos.
2.1ESCOLA DE VELA DO CLUBE NAVAL
Não é saudável deixar de salientar que o Carlos Braga foi quem dominou a formação de velejadores que nasceram nas escolas de vela do CN. Do meu tempo não há quem não se lembre quanto sofríamos (miúdos de 12 anos) ao ouvirem regata e fora dela, os berros de "caça", "caça","caça" dos timoneiros, tudo para sermos mais rápidos nas
manobras a nosso cargo. Tudo para conquistar um melhor lugar na Linha de Chegada e, assim, levar para casa uma medalha ou taça (estas eram para os patrões) lembrando oque se passou. Acho que não nos fez mal nenhum, apesar de o Nascimento, o Serafim, o Jaime Ferreira e mais uns poucos de quem se pode dizer terem penado para poder tirar a carta de marinheiro e já poder pôr as mãos na cana do leme que, tanto ambicionaram.
3.TRATAMENTO DOS CANDIDATOS A VELEJADORES
Que me lembre, os mais sacrificados eram, no CNLM, o Nascimento, o Serafim e o Jaime Ferreira.Marcaram uma época.
Mais alguns viriam a ser sacrificados. Foi o preço que pagámos até acabármos a formação inicial. Nem o CMD nem a MP tiveram a mesma forma de lidar com os iniciados. O CMD enveredou pelos Finns que foram adquiridos por velejadores feitos e graduados como marinheiros. Esses timoneiros estavam feitos no essencial para tomar conta dos barcos em terra, para os aparelhar e para ajudar a afiná-los. O mesmo aconteceu com a MP a não ser, muito mais tarde, com a especialização mais técnica na frota dos Snipes. Só lhes faltou o estudo e a aplicação de conhecimentos sobre o equilíbrio dos vectores que são definidos pela conjunto formado pela Vela, mastro, casco, patilhão e leme. Por falta de medições das correntes geradas e respectivos rendimentos, não houve oportunidade de usar um "Venturi". Mas, em contrapartida, ficou-se pelos tempos de mudança de bordo e pela medição da pressão e do vento no balão, com dinamómetros.
4.CLASSES DE BARCOS
Os clubes de Lourenço Marques tiveram diferentes tendências para os barcos que foram comprando e incentivando a sua compra pelos sócios. O CLUBE NAVAL teria começado pelos monotipos olímpicos. Seriam uns 4. Depois passou a enveredar pelos Sharpies (tiveram várias velas: a triangular, a de carangueja para 12m e a de 6m para a triangular).
Seguiram-se os Snipes, os FlyingDutchman, os Optimists, os Dabchiks, e os Vaurien. O clube teve sempre elevada capacidade de manutenção de frotas e, a partir de determinada época, foi convencendo os sócios a adquirir barcos sem prejuízo das frotas do Clube. Por exemplo o Carlos Braga teve um Flying Dutchman, o Ruben teve um Snipe,
o Nascimento e o Oliveira Santos igualmente. Seguiram-se muitos sócios que compraram barcos para si e para os filhos, nomeadamente os Optimists, nos tempos mais recentes. A MOCIDADE PORTUGUESA teve em primeiro lugar os Polana, construídos pelos próprios velejadores, os quais viriam a sofrer, durante anos, efeitos de vento e mar que tais barcos mal suportavam. Posteriormente e com alguma lentidão tiveram Snipes depois Finns e finalmente Vaurien. O CMD tinha somente barcos da uma classe. Eram 7 Finns e pertenciam ao Nascimento, ao António Inácio, ao Luis Pinho, ao Bruski,
ao Fernando Belo, ao Mendes deOliveira e a um sócio de que não me lembro do nome. Já dava, contando com os 2 Finns da MP e o do Braga, para uma boa regata de 10 Finns. Um luxo naquele tempo!
5.FORMAÇÃO NA MOCIDADE PORTUGUESA
Por volta do ano e 1967 a MP começou a demonstrar que a formação nos Snipes, orientada pelo Morais e pelo Nascimento, tinha de começar a garantir melhores resultados nas regatas. As melhorias iriam refletir-se no CLUBE NAVAL porque, nesse clube, a aposta foi para frota desses Snipes e não em qualquer outra classe. Havendo
conhecimento das melhorias que as equipes estavam a testar-se na Catembe, o CLUBE NAVAL aproveitou uma licença do MORAIS em Lisboa para testar os avanços dos velejadores da MP. O Fernando Nascimento por ter sido incumbido de orientar a Vela na MP até ao regresso do Morais, conseguiu acertar com o CN o prémio ou prémios das regatas.
A regata teria o nome do HELMUT STAUSH e ao melhor velejador caberia a taça que o STAUSH tinha deixado para ser disputada quando o CN quisesse. Começadas as regatas foi desde logo evidente que a taça ia mesmo para a Catembe. Com grande espanto para a MP, soube-se que, por decisão do CN, a regata e a taça já não estariam ligadas ao convencionado. A atitude caiu muito mal na MP, a todos os níveis, e houve solidariedade e compreensão para decidir a retirada da frota para a Catembe e abandono das regatas. O CLUBE NAVAL, ao tomar tal decisão, quando só faltava uma única prova e a pontuação dos melhores velejadores era daMP, fosse qual fosse o resultado até aí.
Foi muito feio. Felizmente tudo isto serviu para fazer valer o respeito por aqueles moços, no futuro.
6.DETERMINANTES DO APARECIMENTO DO CMD
Qual foi a semente que depois de muito cuidada veio a criar o CMD, não tenho a certeza.Creio ter sido um conjunto de condições de apreço pela verdade que se verificaram, juntamente ou com algumas falsas amizades. Em primeiro lugar pesou muito o castigo que o CN aplicou ao Nascimento que nunca foi esclarecido dos porquê e nem sequer o ouviram para que se defendesse do que havia a defender. Foi uma acção simplesmente ditatorial. Em segundo lugar não tinha paz o conflito criado com o Carlos Braga em que este sofreu prejuízos elevados no material e barcos que tinha, em relação aos quais o CN não queria assumir qualquer responsabilidade. Em terceiro lugar a disponibilidade de pessoas ligadas aos organismos oficiais e à actividade privada (caso do Pires Pereira) possibilitando a execução das instalações e do quase zero de custos para os sócios. Em quarto lugar aquele bom homem, o Comandante Couceiro que tornou viável todas aquelas regatas e a quem ficámos, para sempre, enormes devedores. Para quem fizer questão de ler o que se escreveu sobre o CMD, tem as seguintes principais modalidades: ler tudo ou ler as determinantes mais prováveis do aparecimento do CMD. Vai dar ao mesmo!
7.VELEJADORES MAIS RELEVANTES
Durante todo o tempo que estive ligado à Vela, tentei várias vezes quantificar e qualificar no tempo, quem no clube mais se salientava nas competições. Sabia que um dia, ao lembrar-me de quem dava mais nome ao seu clube, não iria deixar de me lembrar desses velejadores, por fases. Essas fases são 7 que indico:
Fase 1.
Nesta fase o CLUBE NAVAL foi dominado pelo Carlos Braga e pelo Armando Casimiro. Foi neste grupo que o Braga produziu praticantes competitivos para a fase seguinte.
Fase 2.
Nesta fase o CLUBE NAVAL foi dominado pelo Serafim Silva, pelo Jaime Silva e pelo Fernando Nascimento.
Fase 3.
A MOCIDADE teve uma época que foi contemporânea do CNLM da fase 1 e nela o domínio estava ligado ao Amilcar Carreira Mendes ao Godinho e ao EduardoMorais. Este último foi o grande formador de gerações
Fase 4.
Há uma outra fase na MOCIDADE que veio a ser dominada quase só pelo Eduardo Morais, tendo na sua esteira o Marcelino Marques, o Jaime Amorim e o Mateus mais velho.
Fase 5.
O CLUBE NAVAL foi dominado, também em termos competitivos, pelo Ruben Domingos(e esposa), Orlando Freitas e irmão e ainda pelo Pacheco, Fernando Nascimento, Oliveira Santos, Vasco Romão Duarte.
Fase 6.
O MARÍTIMO pode caber numa única fase em que dominou nas regatas o Fernando Nascimento acompanhado pelo Carlos Braga, pelo António Inácio, pelo Luis Pinho, pelo Fernando Belo e pelo Bruski.
Fase 7.
Finalmente vem a seguir novamente a MOCIDADE que foi dominada pelo Eduardo Morais, ao qual sucedeu o Gourinho, o Mário Crespo, o Luizinho, o Rato de Oliveira, oFrancisco Martins e o Carmo.
8.PRIMEIRAS TENTATIVAS DE CRIAÇÃO DE UM NOVO CLUBE
Depois de ter sido aplicado o castigo ao Nascimento, nenhum outro velejador teve uma palavra de compreensão para com ele. O silencio para com quem se convive há muitos anos e já tem alguma maturidade, tem especial significado. Doeu-lhe muito. Ao Carlos Braga o tratamento que lhe faziam não era muito diferente mas serviu para revelar um tratamento menos digno. Eram razões sérias que ele, comum extenso historial noutros desportos, gozando da simpatia de jovens e adultos, teve dificuldade em aceitar o comportamento do CN. Daí que quem está mal, muda-se!
9.LEMA:NÃO PARAR
Por iniciativa do Braga, inscrevemo-nos para as regatas anuais do Dia da Marinha mas no Clube da Capitania que, ao contrário do Clube Naval, não exigia nos seus estatutos, a exclusividade desportiva dos seus sócios.
Estando o Nascimento punido pelo Naval daqui surgiria um choque de interpretações e o clube tinha mesmo de revelar a falta que tinha originado a suspensão, o que não convinha. Como não se gosta de ditadores, nenhum queria voltar ao Naval mas não queria abandonar a Vela e ia procurando onde o pudesse fazer. À falta de abrigo para os barcos, a MP ofereceu ao Nascimento a recolha no seu Posto Náutico que tinha na Catembe (era um Finn e um Snipe) tendo sugerido que o Nascimento transmitisse os seus conhecimentos aos jovens daquela organização. Tendo chegado não há muito das regatas da Europa, terá desempenhado o melhor possível e de modo útil aquilo que se esperava dele.Não deixaram de procurar uma solução nova para poderem fomentar
o desporto da Vela, sem ter de ser como no CN. Trocaram imensas ideias, soluções e caminhos sobre os novos horizontes. Apareceu a ideia de recuperar as instalações em ruínas do Restaurante "O Peters" no caminho para a Costa do Sol. Como o Nascimento conhecia bem os filhos do grego, começaram logo por pagar uma renda, muitas vezes do próprio bolso, até que a autoridade Marítima declarou que aquelas instalações, por terem sido abandonadas durante muitos anos tinha cessado a autorização de utilização, regressando à posse da Capitania. Foi assim que o Carlos Braga conseguiu o sítio para um clube que ele desde logo baptizou de Clube Marítimo de Desportos e logo mandou fazer em Lisboa distintivos para casacos, blazers e camisas, por ele concebidos.
10.INFRAESTRUTURA DO CMD
Como é fácil deduzir, foi a partir das limitações do CMD que se tornou urgente passara dispor de espaço protegido para a guarda dos barcos e de muitos outros equipamentos. Foi a ocasião ideal para o Carlos Braga convencer o Engenheiro Pires Pereira a aderir ao Clube que se estava a criar. Havia muitas obras a construir e o Pires Pereira era construtor civil e sócio, com o Senhor Bichinho de uma firma de ambos. Foram esses dois homens que sem custas para o CMD criaram e instalaram o novo telhado do salão, o hangar, a rampa de acesso à água, arranjo da cozinha e do Bar. Também reconstruíram uma série de quartos que, eventualmente podiam servir para aulas do formação, para guarda de material de praia e para eventuais reuniões do júri de regatas.
Só à conta do Carlos Braga foram mobilados os quartos que ficaram aptos a neles poderem repousar velejadores em férias.
11.APOIO OFICIAL AO CMD
A actividade era intensa e conseguiu-se que, utilizando o Salão do CMD, oConselho Provincial de Educação Física, através do Professor Mirandela daCosta, começasse a preparar velejadores da MP e do CMD para as regatas, usando preparação específica, o que veio a ser muito útil. Esta mesma entidade, ao dedicar-se também à Vela, veio a incentivar a formação declasses de barcos como o Vaurien e o Optimist. O CMD veio a demonstrar o reconhecimento do mérito da ajuda. O interesse dos velejadores mais novos foi enorme tanto assim que o Campeonato Nacional de Vaurien foi ganho por um dos filhos do Luis Pinho em equipa com um dos sobrinhos do António Inácio e igual repercussão veio a surgir nos escalões mais novos da classe dos Optimist.
12.INCIDENTES EM REGATAS SEM MÉRITO
Num dos primeiros anos da década de 60, o Nascimento comprou um Finn na África do Sul. Iria servir para, quando o Oliveira Santos estivesse ausente em serviço mais ao norte de Moçambique. Não havendo com quem treinar nos Finns, o Nascimento pensou, na boa fé, que poderia ter referências bordejando o triângulo que a classe Snipe definia para as respectivas regatas. No seu entender e como foi sugerido por amigos da África
do Sul ele, sempre por fosse para fora do triângulo da regata de Snipes, deveria afinar o Finn se conseguisse igualar o andamento dos Snipes nas bolinas e andando mais depressa nas popas e través.Mas, nunca tal método daria melhores resultados do que entrar em regatas naEuropa por ir encontrar dezenas de barcos em cada prova e velejadores de nível muito alto.
Não é preciso dizer que os velejadores dos Snipes do CN não gostaram do que apelidaram de brincadeira e, se não me engano muito, fizeram queixa doNascimento. Desconfiou-se sempre que essa queixa, a existir, pudesse ter levado a Direcção a castigá-lo por 2 meses. Num clube de elite não se revelam pessoas frontais! Nunca tive
oportunidade para conseguir que alguém dentro do CN se abrisse sobre este assunto. Ficou a ser entendido que foi acção concertada. Porém, como há quase sempre gato escondido com o rabo de fora e sai da boca muito doque não se quer revelar,
há uma versão mais realista que terá levado a Direcção a decidir o castigo.
Assim, numa data que já esqueci e em regata de Snipes o Nascimento foi treinar o andamento do seu Finn velejando pelo lado de fora do triângulo. Porém, quase no final dirigiu-se para a junto da bóia de popa quando surgiu, a uns 20 metros oSnipe do Ruben. Como nos caiu sem se esperar uma forte rajada de Norte não se rondou a bóia para o Ruben ter espaço suficiente para cambar de roda. O que aconteceu é que ele atrapalhou-se, ia virando o Snipe e, após estabilizar lá seguiu para a última bolina. Tudo ficaria por ali e até comentaríamos a situação, eis que o Ruben, junto a terra a regressar ao Clube, dirige o Snipe para o Finn do Nascimento e abalrou-o. Para surpresa
nada lhe disse. Dá para um castigo de 2 meses?
13.0 CMD NO CIRCUITO EUROPEU DE REGATAS
Sabendo do que se passava com o Nascimento, os colegas dos Finns insistiram que ele fosse mesmo para as regatas da Europa. Quem orientou na procura dos melhores nacionais, foram o Bruce, o Ernie, o Intze e o Dave. O Bruce estava nessa ocasião a trabalhar na Dinamarca, na fábrica do Elvstrom, e uma vez que também fazia o circuitos integrado no grupo do Elvstrom fez o favor de fazer as inscrições tendo aproveitado
para comprar equipamento totalmente novo na fábrica onde trabalhava.
A Federação inscreveu-o no Campeonato da Europa, em Bordeus, onde iria depois de todas as outras regatas.
Como nota dominante toda a despesa seria por sua conta. Como quem não sabe faz asneira o Nascimento foi para as regatas sem conhecer o essencial para lidar com um barco tão caprichoso. Os resultados assim o demonstraram. Os resultados que conseguiu, caso não haja engano, nas regatas a que compareceu, foram:
Semana de Kiel: lugar de cerca de 36 em 80 inscrições:
Campeonato Nacional da Noruega: lugar 5
Semana de Bregenz: lugar 1
Campeona todo Lago Constança: lugar 11
Fim de semana de Fredrikstad: lugar 6
Semana HOLLAND WEEK 1: lugar 16
Semana HOLLAND WEEK 2: lugar 15
Deve ter-se em consideração que as regatas em que compareceu, tiveram a participação de, pelo menos, 25 ou 30 barcos da classe. Um erro num bordo, numa viragem, numa demora etc., significava logo a perda de inúmeros lugares. Em Kiel perdeu 12 lugares num caso concreto.
Não foram especiais os resultados mas, muito depois ao regressar a Moçambique teve a alegria, pela primeira vez, de ganhar uma regata de Finns aos seus amigos sul africanos, em que se disputou uma taça com um Finn de prata, o que deu esse nome ao troféu.
O Carlos Braga, anteriormente, tinha representado Portugal nos Jogos olímpicos deNápoles, na classe Flying Dutchman, levando como proa um outro velejador, o Gabriel Lopes.
14.0 CMD NAS DEGATAS EM MOÇAMBIQUE E NA ÁFRICA DO SUL
Para crescer não chegava a Europa. O CMD precisava de regatas e resultados para convencer desportistas e dirigentes que o CMD tinha pernas para andar e aqueles resultados e os obtidos em Moçambique vieram a servir o que se precisava. Fez numerosas regatas no centro e no norte da África do Sul nomeadamente na Ebennizer dam, no Vaaldam, no Pretoria Lake e no Germiston Lake. Serviram imenso para conhecer gente e ajudar em futuras regatas no CMD.
Teve a sorte, com a Independência, nos dois anos em que esteve na Africa de Sul, deter sido muito bem recebido.
Dispensaram-no da jóia de entrada e de quotas desses anos, incluíram-no na equipa que competia com os outros clubes. Acabou por classificar-se normalmente nos primeiros lugares das regatas, inclusivé ganhou uma regata em que venceu o campeão no Lago de Germiston. Terá sido a forma de manifestarem como foram bem tratados no CMD, que revela a forma como o CMD tinha sido um Clube a respeitar.
Quanto à actividade em Moçambique, nunca faltou entusiasmo aos da classe Finn. Se bem que o Nascimento e os outros donos de Finns treinassem a sério para toda a actividade organizada pelo Clube, em águas próximas, a verdade é que tinham a hegemonia dos resultados. Para verificar tal domínio, eis alguns resultados do Nascimento em Finns:
1964-Taça C.C.N, lugar 2
1965-Dia da Marinha, lugar 1
1965-Critério Regional, lugar 1
1968-Prova Globo, lugar 1
1968-Prova Finn de Prata, lugar 1
1968-Dia da Marinha, lugar 1
1969-Campeonato de Moçambique, lugar 1
1970-Torneio de Preparação- lugar 1
É com imensas saudades que se lembra, com frequência, de todos aqueles com quem conviveu na Vela. Todos enriqueceram a sua vida. Não há como pagar!
«Havemos de nos encontrar! Não se esqueçam do colete antes de entrarem para os barcos!»